Revista Gerador #11

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O Gerador mantém ligada a cultura portuguesa, junta saris e piñatas no Lumiar, dá música à volta de um tacho e faz juízos com valor. No fundo, converte qualquer forma de energia em coisas boas e estreita a distância entre os portugueses e o seu património.
Mas é também uma revista. Conta com 11 edições, esta última acabadinha de lançar no passado dia 12 de Janeiro e que traz consigo muitas novidades. No entanto alguns rituais são para manter, cada edição da Gerador é única e está nas mãos de um artista diferente. Jon, ou o João R Saúde é o designer gráfico e ilustrador convidado a desenhar o mais recente número.

Pedro Saavedra, artista e editor da Gerador, fala-nos de mãos à obra, uma edição com sotaque.

Gerador keeps the Portuguese culture switched on, brings together “saris” and “piñatas” in Lumiar (a Lisbon neighbourhood), plays music around a pot and makes valuable judgments. Deep down, it transforms any form of energy into good things and narrows the distance between the Portuguese and their heritage.
But it's also a magazine. With already 11 issues, the latest one freshly released on January 12th brings with it new features. However some rituals are to keep, each edition is unique, created by a different artist. João R Saúde aka Jon is the graphic designer and illustrator invited to draw the latest issue. 

Pedro Saavedra, artist and Gerador’s editor, tell us about “mãos à obra", an issue with a special accent.

Portugal está na moda e mais confiante, acham que esta confiança resulta de iniciativas como a vossa, ou grande parte vem da valorização proveniente “lá de fora”?
Achamos que vem do discurso positivo. Nós existimos por aqui nesta parte do mundo há quase 900 anos, mas gostamos do desafio de achar que só começámos ontem e que o que pode ficar para amanhã fica. O Gerador é também o resultado desse novo tipo de discurso, que é um discurso com muitas vozes e protagonistas. Um discurso de bora lá mas é fazer isto acontecer, sem esperar empurrões de outros. Para além disso Portugal não está na moda. Portugal é a moda. Pela forma como a nossa cultura é e continua a ser uma mescla do tradicional com o contemporâneo, do europeu do sul com os 5 oceanos e sobretudo porque os portugueses existem, não foram inventados em nenhuma campanha de marketing internacional.

E sendo este um projeto sobre Portugal e para os portugueses, existe espaço para a internacionalização? A vossa revista seria um ótimo “pastel de nata” no estrangeiro, enquanto belíssimo exemplar da riqueza cultural do nosso país.
Achas? Haja esperança na evolução demográfica dos falantes de língua portuguesa ou na invenção de uma tradutora universal (não havia disso num filme qualquer de ficção científica?) Por agora a nossa distribuição internacional é pequena mas orgulhosa, até na Indonésia temos um sócio. Mais se inscrevam como sócios geradores que a revista chegará às suas portas (com alguns dias de viagem, mas lá que já pode chegar, pode.)

Portugal is very trendy nowadays and more confident, do you think this confidence comes from initiatives like yours or mainly from how appreciated we are now cross borders?
We think it comes from the positive speech. We’ve been here for almost 900 years, but we like the challenge of thinking that we started just yesterday and we can let things wait for tomorrow. Gerador is also a result of this new kind of speech, a speech with many voices and protagonists. A speech of “let’s do it” without further waiting for someone else to push us. Besides, Portugal isn’t trendy. Portugal is the trend. Because of our culture and how well it blends traditional and contemporary, south European and the five oceans, and most of all, because the Portuguese exist, they weren’t invented by any international marketing campaign.

Being this a project about Portugal and the Portuguese, is there any room to go international? Your magazine would be an amazing “pastel de nata” (Portuguese cream pie) abroad, as a great example of our cultural treasure.
You think? Let’s hope for the expansion of the Portuguese speakers or the creation of a universal translator (isn’t there already something like that on a Sci-Fi movie?) At least, for now, our international distribution is small but proud, even in Indonesia we have a partner. Let more people subscribe to our magazine and we’ll delivery (it must travel for a couple of days, but no doubt that it will arrive).

O número 11 da Gerador já está nas prateleiras. Depois de declarações de amor, bola.., mãos à obra vai falar-nos de quê?
Do nuorte, carago!

Como é feita seleção temática para cada uma das edições?
Através da nossa leitura, audição e degustação do que nos rodeia. De que havemos de falar de uma área que não pára de crescer? Gostamos também de abrir cabeças com ideias intrigantes e adoramos blogs de provérbios populares e fábulas do Miguel Torga ou páginas dos livros do Afonso Cruz. Depois é só associar as ideias à estação do ano e está feito

E do ponto de vista gráfico, qual é o fio condutor que liga todas as edições de modo a não perderem identidade?
A nossa diretora de arte Sónia Rodrigues e o bom senso. Temos um manual de normas que permite que a loucura seja (minimamente) controlada. Mas a diversão é que faz o tronco da revista, isso e a humildade de usar as boas soluções que outros e outras encontraram antes.

Gerador’s issue #11 is out there on the shelfs. After love statements, football… what is “mãos à obra” about?
It’s about northern people. (Portuguese, of course)

How do you choose each issue’s topic?
By reading, listening and tasting everything around us.There’s so much to talk about in this growing field! We also like to open minds with intriguing ideas, we love blogs about idiomatic expressions and Miguel Torga’s tales or the pages of an Afonso Cruz book. Then we just need to connect those ideas with the seasons and it’s done!

And from the graphic point of view, what is the common thread that links all those editions, without losing the identity?
Our art director Sónia Rodrigues and common sense. We have a graphic guideline that restrains our madness. But the magazines’ backbone is fun, plus being humble by using good solutions already found by others.

De trimestral para bimestral. O leitor português não gosta de esperar? 
O leitor português sabe esperar, sim. Se valer a pena, espera. Os eventos da cultura portuguesa é que não podem esperar por nós. Queremos estar mais perto do que está a acontecer pelo país. Assim, bimestrais teremos mais proximidade com as agendas dos outros, incluindo os leitores.

E vão estar ainda mais próximos com o novo ponto de venda Gerador. Querem falar-nos mais sobre esta nova etapa? O local escolhido pode ser revelado?
Ui. Em breve, breve, breve, breve… mas podemos prometer revistas gerador para leitura e até a bica geradora para provar enquanto se ouve, vê, sente autores da cultura portuguesa.

As expetativas são grandes? 
Enormes. Sempre fomos de ser visitas e agora iremos ser hospedeiros (é assim que se diz, não é?) E como fomos sempre tão bem tratados, o pessoal vai estar atento a essa nova demonstração de hospitalidade.

From quarterly to bimonthly. The Portuguese reader doesn’t like to wait?
The Portuguese reader knows how to wait, i‘m sure. If it’s worth it, he waits. On the other side, cultural events can't wait for us. We want to be closer to what’s going on. Therefore, by going bimonthly we’re closer to everyone’s agendas including the readers.

You’ll be even closer with Gerador’s new selling point. Can you tell us more about this new step? Can you reveal the location?
Oh, soon, soon, soon, soon… but we can promise Gerador’s magazines for reading and a “bica” (coffee) to taste while you listen, watch and feel Portuguese authors.

How big are your expectations?
Huge. We were always guests but now we’ll be the host. Since we were always so very welcomed, people will now feel these new demonstration of hospitality.

Outra das muitas novidades para 2017 é a Radio Gerador. O que é que vamos poder ouvir e como vai ser feita a ligação com o formato papel?
Vamos ouvir pessoas extraordinárias atentarem responder a perguntas de todos os temas na cultura portuguesa. Como fazer uma omelete de ovos? ou Como fazer uma estação de rádio? Sempre convidados, daqueles que sabem mesmo do que estão a falar. Ligações entre voz e papel teremos muitas, mas para começar vamos ter um audio romance que já foi publicado na revista. Escrito por dez escritores vai agora ser lido por dez atores e atrizes. Curiosos?

Something also new in 2017 is the “Rádio Gerador”.  What can we listen and how it will be linked to the printed version?
We’ll listen to extraordinary people talking about all kind of subjects related to the Portuguese culture. How to make an egg omelette? How to make a radio station? There will always be people that really know what they’re talking about. We’ll have several links between radio and paper, starting with an audio romance, that was already published in the magazine. Written by ten writers will now be read by ten actors and actresses. Curious?  


Image: Gerador.eu